segunda-feira, 1 de abril de 2013

ROMANCE, parte XVI


XVI

A confraternização foi um sucesso, por vários dias foi
o assunto central, sendo substituído pelos das
comemorações do Natal e da Festa de Ano Novo.
Dinarte levou Lara para passear de iate, precisava
cumprir o prometido, sossegar o espírito da mesma,
afinal seria temerário dar curso a um relacionamento
eivado de desconfianças.
O mar estava propício à navegação, o sol se fez
presente, uma brisa suave brincava com os lindos
longos cabelos da jovem.
- Sabes Lara, faz muito tempo que não tenho um
relacionamento sério, mas agora é diferente. Quando
estou ao teu lado, me sinto verdadeiramente feliz, seu
olhar, seu sorriso, seu modo de andar, sua
espontaneidade, enfim tudo em você me encanta e
atraí. Penso que podemos ser felizes juntos, o que
você me diz?
-Pois bem, Dinarte, até hoje apostei em todos os meus
relacionamento, sempre acreditando que poderia estar
diante de um amor sólido. Meu empenho ia até o
momento que algo acontecia para me provar o
contrário. Ou seja, ainda não era a pessoa certa.
Entretanto te confesso que o nosso relacionamento é o
primeiro que nasceu em meio à névoas, o que  está me
deixando um tanto desconfortável.
Para que possamos dar continuidade ao que estamos
experimentando, a primeira providência seria você me
falar sobre a pessoa que estava a lhe absorver os
pensamentos, na noite em nos conhecemos, mais
precisamente no momento em que estávamos ouvindo
tia Julia tocar piano, lembra? O tempo todo fiquei te
observando e no meu entender, havia na tua expressão
um sentimento de profundo amor e envolvimento.
Você já a esqueceu? Assim, num piscar de olhos? Isto
me inquieta e preocupa.
- Não Lara, e nem poderia trata-se de um amor
genuíno, incondicional e transcendente. Naquela noite,
ao ouvir o som do piano  me reportei para a uma
apresentação de bale, a  primeira de Marina, minha
filhinha.  Ela estava radiante, pueril e meiga, na sua
roupinha toda rosa, inebriada mas muito concentrada
para não errar os passinhos.
-Marina tem apenas 06 anos e já sofreu uma perda
irreparável. Há três anos, minha esposa foi acometida
por um câncer galopante, fizemos de tudo para salvá-
la mas a doença nos venceu. É isto Garota!
Dinarte falava sem intervalos e Lara, um tanto atônita,
buscava palavras para se pronunciar.
- Lara, entendo que necessitas de um tempo
considerável, para digerir minhas revelações. Em dois
dias eu viajo à trabalho e volto dentro de cinco meses.
Penso que neste período você terá a oportunidade de analisar com calma o que nos espera, caso decida aceitar Marina e eu em sua vida.
Quando surgiam dificuldades, em seus
relacionamentos, Lara sempre soube como conduzir,
mas isto não era em nada parecido com o que já havia
se confrontado.
O amor que nutria por Dinarte era um sentimento
profundo e valoro. Teria que pensar muito bem
antes de tomar qualquer decisão, em razão disto
aceitou  a proposta do rapaz e sugeriu que seria
melhor  não se comunicarem durante este tempo, ao
que o ele assentiu.
Ao se despedirem ficaram, por um longo tempo,
abraçados, como se pudessem conservar o calor
humano por todos os meses em que ficariam distantes.
O alto falante do aeroporto anunciava o embarque.
A pequena Marina acenava e enviava beijinhos para o
papai, enquanto segurava firme na mão dos avós.
Lara observava, emocionada e assustada, imaginando
se teria coragem de assumir tamanha
responsabilidade. 

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